domingo, 28 de agosto de 2016

Como escolher uma residencia no México


Como escolher uma residência?



Na muitas comunidades que participo, de expatriados, muitos brasileiros perguntam, qual o melhor lugar para morar no México? Se sua pergunta é totalmente aberta, sugiro que se informe sobre como é o México, a imensa diversidade que existe no pais e comece a formar uma opinião a respeito, porque um pais que possui de deserto a selva, passando por praias e imensas metrópoles pode atender a qualquer gosto. Da mesma maneira, a analise se aplica em qualquer outro país.

A sua escolha deverá ser baseada em algum lugar onde irá estudar ou trabalhar, já que são as principais formas de obter um visto de residência. Então considerando que você já solucionou uma dessas variáveis, local de trabalho ou de estudo, podemos estabelecer um roteiro de como procurar uma residência.

Alguns aspectos devem ser considerados na hora de encontrar uma residência, custos, localização, estilo de vida, espaço, segurança. Daí você já começa a fazer uma ideia se quer viver em uma região mais residencial ou mais dentro da cidade, casa ou apartamento, etc. 

Partimos sempre de alguma variável fixa, como local de trabalho e traçamos um raio razoável de distância a ser percorrida, considerando o transporte a ser utilizado. Dentro desse raio de distância anotamos localidades, municípios, bairros e pesquisamos a respeito dessa região. Índices de violência, desastres naturais (terremoto, enchente), custos, facilidades, aspectos que caracterizam a região e comparo com meus objetivos. Nesse ponto pedir referências a grupos de brasileiros locais é uma ótima ideia, pois terão informações mais concretas a respeito.

Se iremos frequentar escolas é uma variável muito importante que deve ser considerada tanto quanto a distância ao trabalho. Certamente teremos algumas áreas mais ou menos favoráveis e já poderemos excluir algumas delas. Trabalhar com mapas impressos e fazer cálculos virtuais no google maps, em tempo real dos horários de rush, é uma excelente maneira de organizar suas opções.

Uma vez que tenha opções de localização em um mapa pode começar a buscar imobiliárias virtuais onde poderá visualizar algumas opções de residência. Se puder contatar corretores que o ajudem na sua busca, seja o mais claro e especifico possível em todas as suas necessidades e a cada opção mostrada verifique que suas especificações foram consideradas.

Não alugue nada virtualmente, não faça pagamentos ou depósitos antes de verificar o local e ter as chaves do imóvel em mãos. Alguns proprietários ou imobiliárias podem pedir um sinal para reservar o imóvel, certifique-se que o valor seja pequeno e razoável, há muitas pessoas que se dedicam a golpes imobiliários e estrangeiros são perfeitos para caírem nesses golpes.

No momento de verificar o imóvel observe além da aparência, os serviços de distribuição de agua, gás, luz, cabos, se estão em bom funcionamento e condições de uso, (tanque estacionário, boiler, calefação, relógios, torneiras, duchas, bombas, caixa d’água, cisterna)



Solicite com antecedência, se for necessário, ligações elétricas, de agua, calefação, telefone, internet, dedetização, quais são os prestadores de serviços, como se comunicar com eles em caso de emergências, fuga de gás ou água, queda de energia.



Verifique na residência os pontos de instalação, se possuem suficientes adaptadores, tomadas e verifique como irá solucionar eventuais necessidades. Veja se possui as ferramentas necessárias para montar moveis, instalar eletrodomésticos, varais, etc.



Antes de assinar o contrato verifique se o mesmo cobre seus direitos, quais são as garantias, em caso de dúvida solicite ajuda de algum advogado ou pessoa de confiança local. Aqui no México é comum que peçam além do avalista, de 1 a 3 valores de aluguel como deposito. Eu sempre sugiro que não paguem mais de um aluguel como deposito, se o proprietário insistir em maiores garantias sugiro que o valor adicional seja colocado a título de adiantamento dos primeiros meses de aluguel. Ocorre que as leis imobiliárias favorecem mais o inquilino que ao proprietário e eles buscam o máximo de garantias, porém raramente o proprietário devolve o deposito realizado, razão pela qual não sugiro deixar um valor superior a um mês de aluguel.

Descubra como são os acessos a residência, a segurança que oferecem não apenas em relação a criminalidade, mas também a eventuais intempéries naturais, furacão, terremoto, enchentes.

Verifique se há algum tipo de praga ou predador na região e se é necessário chamar serviços especializados de dedetização ou controle de pragas antes de mudar, áreas com muito jardim ou grama podem ter aranhas, escorpiões e outros tipos de insetos que pode não estar acostumado se viver em um apartamento em uma grande cidade.

Se for viver em algum regime de condomínio conheça as regras, horários e costumes e procure se adaptar, isso inclui muitas vezes se acostumar a festas que entram madrugada adentro, porque sim, o mexicano é muito festeiro. Via de regra (sempre haverá exceções) quanto mais organizado e cheio de regras for o condomínio, maiores as chances de haver algum toque de recolher.

Descubra horários e formas de coleta de lixo, se há serviços de limpeza de áreas comuns, quais são suas obrigações e direitos como residente.

Tenha a mão telefones de serviços de emergência, policia, bombeiro, ambulância, companhias de luz, agua, gás, bem como de prestadores de serviços necessários, eletricista, encanador, etc

Sites que o ajudarão a encontrar residência:




Fabiana Giannotti, brasileira radicada no México desde 2008, casada, 2 filhos, passou a ser mãe 24h e dona de casa após vir para cá. Praticamente uma expert em mudanças depois de encontrar e mudar para 8 casas em 7 anos, além de acumular experiências em tradução, aulas de português, corretagem de imóveis e assessoria para expatriados. Adoro escrever, conversar, fazer novos amigos, viajar. Me considero afortunada por viver no México, aprender a respeitar e conhecer essa bela cultura. Conhecer, adaptar-se, aprender, mudar, acostumar, respeitar, amar o diferente são algumas coisas que descobri nos últimos anos, além do fato que, por mais perfeito que seja o plano tudo pode mudar.

Colunista e parceira no blog: http://viviendoenelmexicomagico.blogspot.mx/






VIAJAR E FICAR EM COZUMEL – O PARAÍSO EXISTE





A vinte anos atrás (OMG, quanto tempo) eu conheci o México, vim de férias a Cancun e fiz vários passeios, entre eles, fui conhecer e snorkear em Cozumel. Fiquei fascinada com a beleza do mar, as cores, transparência da agua, não queria voltar para Cancun. Desde então Cozumel passou a ser minha versão do paraíso.

Por acaso da vida, muitos anos depois desembarquei com toda a família para viver no México, amante da praia e do mar fomos algumas vezes a Acapulco, Cancun, Vallarta mas até esse ano não havia calhado de regressar a Cozumel.

Se colocar no google imagens “Cozumel” verão infinitas fotos da beleza natural, mas hospedar-se em Cozumel é uma experiência única.


Cozumel é uma pequena Ilha de 48 km e está 62km de Cancun, passeando de carro, em 2h pode conhecer toda a ilha. A Ilha é dividida por uma zona hoteleira, o centro (onde também há vários hotéis) onde os Cruzeiros aportam, e uma parte da Ilha destinada a receber visitas de Cancun, onde não há hotéis nem hospedagem. Para buscar um hotel em Cozumel sugiro que observe bem as fotos pois há várias opções de hotéis onde não há praia, apenas mar ou rochas. O mar é uma verdadeira piscina, a agua tem uma temperatura agradável, em poucos passos você tem profundidade suficiente para estar com agua no peito e ver as cutículas do dedão do pé. Não há como descrever a paz e tranquilidade desse mar...muitas pessoas levam boias, drinks e ficam imersos da imensidão azul até cansar e desejar suar um pouco na areia branca.

Escolhi um hotel com All Included porque queríamos apenas relaxar no hotel, ainda bem que foi nossa opção, pois se fosse diferente teríamos que incluir um aluguel de carro ao orçamento de férias, pois não havia absolutamente nada a quilômetros de distância. Nosso hotel apesar de ser um resort 5 estrelas de uma grande rede hoteleira, tinha alguns problemas básicos, como um ar condicionado que não esfriava muito e mosquitos, devido a abundante vegetação na região. Como estávamos antes a 2600m de altitude sofremos um pouco no princípio, um calor intenso, mas convenhamos que foi um preço pequeno para se pagar pelo paraíso. A lojinha do hotel nos salvou de pequenos apuros como itens de perfumaria e farmácia.

A estrutura turística em Cozumel, assim como em Cancun é excelente, dentro do próprio hotel existem prospectos de passeios, aluguel de carro, guias, etc. O nosso hotel oferecia grátis equipamentos e aulas de snorkel, e aulas contratadas de Mergulho, e quem quisesse poderia contratar o barco com fundo de cristal e praticar Snorkel ou Mergulho.

Existem alguns passeios de Jipe, mas achamos mais vantajoso alugar um carro com ar condicionado e passear com um dia inteiro livre, passamos por algumas ruinas maias em El Cedral,


Em seguida fomos até o Farol que fica dentro do Parque Ecológico de Punta Sur, havia também um museu marítimo e praias maravilhosas com serviços de ducha, restaurantes, redes e espreguiçadeiras.


Voltamos passeando pelo centro, as lojas de souvenires e o centro em geral nos pareceu um pouco fraco, com as mesmas coisas de outras praias, sem nada muito especial e com preços altos. Há mais opções de restaurantes, supermercados, lanchonetes, porém a maior parte do centro não tem boas praias, assim que há que fazer sua análise de custo x benefício.

Há diversas outras opções de passeios, como nadar com golfinhos, com tartarugas, ver crocodilos, passear em Submarino, Parque Aquático, que não fizemos, nosso intuito nessa viagem era realmente relaxar e desfrutar, absorvendo paz e tranquilidade e recarregar as energias.

Paraiso a parte, pensando em aspectos práticos, Cozumel é um lugar caro, a maior parte dos passeios, mesmo no hotel, e vários restaurantes fora do centro não aceitam cartão, apenas dinheiro vivo. A lojinha do hotel foi a mais cara que já conheci no México. Meu celular da At&t não tinha praticamente sinal de internet ou mesmo telefone. Não sei se os demais hotéis praticam essa política, mas o que nós ficamos cobrava pelo uso de Wi-fi, me pareceu um absurdo o valor de U$ 80.00 por uma semana de uso. O celular do meu marido da Telcel conseguia sinal, às vezes. Me surpreendeu também o taxi do aeroporto que nos cobrava por pessoa, em dinheiro vivo, com opção de carro privativo ou van coletiva, o pequeno trajeto de cerca de 10 km custou 480 pesos para nossa família chegar até o hotel, um carro alugado custava a partir de 800 pesos.

Como é um lugar com muitos estrangeiros, o serviço funciona sempre melhor na base da caixinha, sugiro trocar várias notas de 1 dólar para obter os melhores serviços, drinks, atenção. Uma caixinha para o rapaz da piscina nos garantia um par de espreguiçadeiras na sombra todos os dias, outra os melhores coquetéis e por aí vai.

Uma recordação muito bacana que tivemos foi a contratação de fotos profissionais na praia. Aquelas fotos com cara de Casa Caras, a Ana oferecia seus serviços de fotografa no hotel, tiravam diversas poses e poderíamos escolher e pagar apenas pelas que queríamos, a um preço de 10 dólares cada uma. Foi uma sessão gostosa, agradável, feita pela sócia dela, 2 dias depois escolhemos as fotos sem nenhuma pressão, ela nos salvou em um CD e no pen drive que trazíamos e podemos imprimir quantas fotos quisermos. Eu que adoro foto fiquei mega feliz com o resultado e a lembrança que levo pra casa.
                             

Minha conclusão é que dependendo do seu objetivo de viagem, se estiver no pique de passear, conhecer parques, ruinas, golfinhos, etc., eu recomendo que vá a Cancun onde terá melhores opções de hospedagem, estrutura, transporte, preços, e inclua Cozumel na sua lista de passeios. Sobre Cozumel eu reitero que realmente é o melhor lugar do mundo para relaxar e desfrutar a comunhão com uma natureza exuberante e absolutamente maravilhosa. Se o seu intuito é esse, faça suas malas e esqueça a civilização, desconecte-se, mergulhe de cabeça nesse paraíso... eu agradeço a Deus pela oportunidade de ter vivido essa experiência.













Fabiana Giannotti, brasileira radicada no México desde 2008, casada, 2 filhos, passou a ser mãe 24h e dona de casa após vir para cá. Praticamente uma expert em mudanças depois de encontrar e mudar para 8 casas em 7 anos, além de acumular experiências em tradução, aulas de português, corretagem de imóveis e assessoria para expatriados. Adoro escrever, conversar, fazer novos amigos, viajar. Me considero afortunada por viver no México, aprender a respeitar e conhecer essa bela cultura. Conhecer, adaptar-se, aprender, mudar, acostumar, respeitar, amar o diferente são algumas coisas que descobri nos últimos anos, além do fato que, por mais perfeito que seja o plano tudo pode mudar de repente...
Colunista e parceira no blog: http://viviendoenelmexicomagico.blogspot.mx/

                                          














sábado, 27 de agosto de 2016

Dia dos Pais - longe do meu pai.


Nem tudo são flores na vida de expatriados… a saudade que já foi cantada em verso e prosa, desde o tempo de Camões, é uma companheira constante de quem vive fora da sua pátria.




Em dias especiais, como Natal, dia das mães e dia dos pais a saudade aumenta, machuca, as vezes dói mesmo.

Esse post foi escrito no dia dos pais daqui do México, muitos corações estão apertados, estar longe dos pais, sabendo que o tempo vai passando e os dias festivos podem não se repetir para avós e papais já velhinhos são um preço alto a ser pago.

Escrevo hoje com meu coração chorando, meu pai está em estado terminal e os médicos não deram mais que essa noite para ele. Ontem fui buscar uma passagem de última hora, mas os médicos já o colocaram em coma induzido e já não poderei vê-lo consciente e provavelmente nem com vida. Em meio as Olimpíadas as passagens estão entre 2000 e 3000 dólares e já não há mais voos diretos. Já não haverá dia dos pais para meu pai e eu.

O tempo para quem vive longe é relativo. Perdemos em quantidade, ganhamos em qualidade. Quando ligamos, conectamos, chateamos ou vemos pessoalmente nos dedicamos a isso. Sabemos valorizar os milagres que a tecnologia nos proporciona para que possamos nos comunicar com aqueles que amamos. A maioria de nós ao ir ao Brasil sente desde o cheiro da terra até o abraço apertado a alegria genuína de estar com quem se ama. Muitas vezes, quando vivemos ao lado perdemos tempo e oportunidades de conviver.

Cada um de nós tem uma história que nos levou para longe do nosso país, razoes e motivações para estar aqui, nesse dia dos pais espero que possam abraçar ainda que virtualmente seus pais, trocar palavras, mensagens, cartas, falar por Skype, demonstrar o amor e carinho que os une. Para aqueles que já não tem seus pais, se tiverem alguma fé, enviem orações, amor, vibrações, independente da sua religião, de alguma maneira o carinho de vocês.

Para aqueles que estao tristes pela distancia, com saudade, liguem, conversem, ria, chore, compartilhe o sentimento, a distancia é relativa... nao deixe que a ausencia de toque físico seja mais forte que a presença no coração.




Escrito por:







Brasileira radicada no México desde 2008, casada, 2 filhos, descobri o que era ser mãe 24h e dona de casa após vir para cá. Quase uma expert em mudanças após mudar 8 vezes em 7 anos, além de acumular experiências em tradução, aulas de português, corretagem de imóveis e assessoria para expatriados. Adoro escrever, conversar, fazer novos amigos, viajar. Me considero afortunada por viver no México, aprender a respeitar e conhecer essa bela cultura. Conhecer, adaptar-se, aprender, mudar, acostumar, respeitar, amar o diferente são algumas coisas que descobri nos últimos anos, além do fato que por mais perfeito que seja o plano tudo pode mudar de repente... 

Colunista e parceira no blog: http://viviendoenelmexicomagico.blogspot.mx/

















14/08/2016

Amar a distancia


Amar a distancia



Uma das coisas mais difíceis de lidar quando a gente vive longe do país é deixar a família e amigos para trás. Tem suas vantagens, é claro, ficamos longes das intrigas familiares, eu sempre brinco, que minha mãe vive longe, mas a sogra também. (Mentira, sinto muitas saudades da sogra também). Descobrimos quais são nossos amigos verdadeiros, e para muitos, é a primeira vez que cortamos o cordão umbilical.

Deixar a família para trás é difícil para a maioria de nós, para alguns mais desprendidos nem tanto, mas para todos aqueles que vierem para fora e por qualquer razão o tempo for se estendendo ou se tornando indefinido, chegarão momentos que nos damos conta que o tempo passa diferente quando estamos fora.

Nos meus primeiros 2 anos no México fui 4 vezes ao Brasil, confesso que não tive muito tempo para perder contatos pois vivia mais a vida lá do que aqui. Após isso eu passei 3 anos sem ir para o Brasil. Me lembro que nada me chocou mais que ver minha avó após esse período. Ela cumpria 80 anos e na verdade, apenas seguia o curso natural da vida, a vi pela primeira vez como uma senhora idosa, e não a fortaleza de sempre, mas assim como as crianças, os velhos nos mostram claramente a passagem dos anos.

Outro evento que me marcou foi quando minha irmã engravidou, não estar por perto durante a gestação, o parto. O dia que minha sobrinha nasceu, numa cesárea programada, eu falei para meus filhos que a prima deles ia nascer, minha filha na sabedoria dos seus 4 anos, baixou a cabeça triste. Eu disse que a veríamos por Skype e minha filha me olhou com os olhos cheios de lágrima e me disse que não dava para abraçar pelo Skype ou segurar a neném pelo Skype. Choramos todos juntos.

Logo vieram os primeiros aniversários, os aniversários importantes (40, 50, 60, 80), formaturas, casamentos, enterros. Em alguns deles pudemos ir, a maioria foi comemorado on line ou chorando por telefone. Alguns momentos simplesmente corremos e ficamos lá, por um tempo, pelo tempo que podemos, como quando minha sogra teve um infarto e meu esposo pode ficar com ela durante a cirurgia e cuida-la na recuperação, em suas primeiras semanas.

Na minha última ida ao Brasil pude acompanhar meu pai ao médico e ser a pessoa que estava do lado dele quando soube que o câncer havia voltado, era inoperável e seria uma questão de sobrevida. Pudemos conversar, ter “aquela” conversa, estando ainda bem, relativamente saudável. São decisões difíceis. As longas doenças ou as mortes instantâneas, não sabemos qual é a pior parte, estando aqui ou lá.

Por um lado, construímos uma vida do outro lado do hemisfério, carreiras, um futuro melhor para os filhos, novos amigos. Por outro lado, sempre teremos uma história anterior, amores anteriores, amigos, família. Vivemos uma vida, a correria do dia a dia, construímos pontes, trilhamos novos caminhos, mas sempre estaremos vivendo outra vida on line.

Nos acostumamos a fazer festas natalinas com famílias improvisadas, sentir frio na época de calor do Brasil, juntamos a comunidade brasileira em carnavais, festas juninas, quem pode perde o verão aqui para passar frio no Brasil. A vida no exterior pode ser muito boa, depois de superadas as dificuldades iniciais, e apesar de tudo, pesando os prós e contras, eu realmente não desejo voltar para o Brasil, talvez algum dia, mas esse dia fica cada vez mais distante, mais difuso.

Com o tempo nos damos conta de que deixamos para trás muitas coisas, perderemos os últimos anos de alguns entes queridos, os primeiros ou mais importantes de outros seres amados, mas essa é a vida que escolhemos para nós. Poucos dos que ficaram nos entendem, alguns desejariam estar no nosso lugar, sem noção de quantas perdas enfrentamos nessa escolha.

A tecnologia nos ajuda, as ligações ilimitadas da Telmex são uma verdadeira maravilha, facebook, facetime, grupos de família, amigos de whatsapp, mas não substituem os abraços, os cheiros, os sons, o toque. É parte da escolha de viver fora, que ninguém pense que é fácil ou simples, mas se soubermos cuidar de quem realmente importa em nossas vidas, podemos amar e estar presentes online. Aos que tem ou terão filhos, ensina-los a falar português, a cantar nossas canções, manter nossa cultura, tradições familiares, a amarem os avós, bisavós, tios, primos e melhores amigos, faze-los sentir-se vivos, importantes, amados e queridos, é o que realmente importa, porque para nós o tempo deles sempre foi diferente da vida daqui.


Fabiana Giannotti, brasileira radicada no México desde 2008, casada, 2 filhos, passou a ser mãe 24h e dona de casa após vir para cá. Praticamente uma expert em mudanças depois de encontrar e mudar para 8 casas em 7 anos, além de acumular experiências em tradução, aulas de português, corretagem de imóveis e assessoria para expatriados. Adoro escrever, conversar, fazer novos amigos, viajar. Me considero afortunada por viver no México, aprender a respeitar e conhecer essa bela cultura. Conhecer, adaptar-se, aprender, mudar, acostumar, respeitar, amar o diferente são algumas coisas que descobri nos últimos anos, além do fato que, por mais perfeito que seja o plano tudo pode mudar de repente...
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Na hora de ir embora, de quem vamos sentir falta?


Na hora de ir embora, de quem vamos sentir falta? A quem deixaremos saudades?



Agora é meu momento de reflexão… cada mudança que fazemos reviramos nossas vidas, fazemos um levantamento do que não usamos mais, nos desapegamos a coisas, lugares, pessoas. Uma coisa que faz parte de mudar para longe é descobrir quem são nossos amigos, que parte da família realmente faz falta, quem se mantem vivo a distância, não importa por quanto tempo ou onde vivamos. Laços de sangue podem enfraquecer, laços de amizade podem fortalecer, amigos de toda a vida nos esquecem e alguns sempre estarão presentes.

Após muitos anos vivendo longe, descobrimos que poucos são aqueles que mantemos contato, que continuam se importando, pedindo e enviando notícias. A vida segue sem a gente. Dá um pouco de tristeza, às vezes, mas é o curso natural da vida.

Uma característica interessante de viver fora é que naturalmente buscamos expatriados, eles sabem como é viver longe de família, amigos de infância, e há uma afinidade natural. Grupos são formados, e muitas vezes convivemos tanto que passamos a formar amizades reais, embora muitos não sobrevivam a próxima mudança é bom fazer parte de uma comunidade, é natural nos apegarmos a novos grupos, fazer festas, muitas vezes consideramos essas pessoas que passam a fazer parte da nossa nova história como família.

Alguns dos que vem para fora ficam alguns anos e regressam a vida que deixaram, outros vão para outros países, outros simplesmente ficam. O que começa em uma aventura poderá se estender indefinidamente. Conheci inúmeras pessoas que saíram de casa por 2 anos e não voltaram mais. Uma das nossas características mais marcantes depois de algum tempo é a incerteza em relação ao futuro.  Portanto os grupos e amigos que compartilham esse sentimento passam a fazer parte da nossa vida. Há uma dinâmica interessante e muitos desses grupos, me fazem lembrar a época da escola, onde para fazer parte da “tchurma” tínhamos que estar sempre alegres, divertidos, bebendo, usando as roupas certas, estando nos lugares certos, agir de acordo com a dinâmica do grupo. É importante ter em mente que apesar do convívio frequente, apesar de momentos divertidos que passamos juntos, poucos deles ultrapassam o nível de amizade superficial. Amigos de verdade são poucos em qualquer lugar do mundo, por isso valem tanto a pena. Apesar de divertido conviver com uma comunidade, poucos são os que estarão realmente interessados em ajudar, ouvir, conhecer você em sua essência e gostar de você ainda que esteja doente, sem grana, sem vontade de farrear, com suas verdadeiras qualidade e defeitos.

Após quase 8 anos, vi muita gente indo embora, amigos que passaram os primeiros Natais, Anos Novos, aniversários, Copa do Mundo, amigos que estiveram com a gente nas horas difíceis e boas do outro lado do Continente. Amigos brasileiros, colombianos, espanhóis, argentinos, mexicanos, etc... Mas após os momentos de despedidas, lagrimas, saudade, poucos são os que ficam, os que se mantem amigos, da mesma maneira que foi um dia nossa saída no Brasil.

Outra aventura me espera em breve, assim como alguns amigos verdadeiros se foram, chega o momento de deixar alguns amigos que realmente valem a pena para trás...aqueles que fazem parte da nossa vida e coração jamais são deixados para trás, só ficam fisicamente distantes. Aqueles que fizeram parte dos efêmeros e alegres momentos de diversão deixarão saudade de bons tempos passados. Espero que novos amigos venham a somar mais alegria e valor a minha história.



Fabiana Giannotti, brasileira radicada no México desde 2008, casada, 2 filhos, passou a ser mãe 24h e dona de casa após vir para cá. Praticamente uma expert em mudanças depois de encontrar e mudar para 8 casas em 7 anos, além de acumular experiências em tradução, aulas de português, corretagem de imóveis e assessoria para expatriados. Adoro escrever, conversar, fazer novos amigos, viajar. Me considero afortunada por viver no México, aprender a respeitar e conhecer essa bela cultura. Conhecer, adaptar-se, aprender, mudar, acostumar, respeitar, amar o diferente são algumas coisas que descobri nos últimos anos, além do fato que, por mais perfeito que seja o plano tudo pode mudar de repente...
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