sábado, 27 de agosto de 2016

Na hora de ir embora, de quem vamos sentir falta?


Na hora de ir embora, de quem vamos sentir falta? A quem deixaremos saudades?



Agora é meu momento de reflexão… cada mudança que fazemos reviramos nossas vidas, fazemos um levantamento do que não usamos mais, nos desapegamos a coisas, lugares, pessoas. Uma coisa que faz parte de mudar para longe é descobrir quem são nossos amigos, que parte da família realmente faz falta, quem se mantem vivo a distância, não importa por quanto tempo ou onde vivamos. Laços de sangue podem enfraquecer, laços de amizade podem fortalecer, amigos de toda a vida nos esquecem e alguns sempre estarão presentes.

Após muitos anos vivendo longe, descobrimos que poucos são aqueles que mantemos contato, que continuam se importando, pedindo e enviando notícias. A vida segue sem a gente. Dá um pouco de tristeza, às vezes, mas é o curso natural da vida.

Uma característica interessante de viver fora é que naturalmente buscamos expatriados, eles sabem como é viver longe de família, amigos de infância, e há uma afinidade natural. Grupos são formados, e muitas vezes convivemos tanto que passamos a formar amizades reais, embora muitos não sobrevivam a próxima mudança é bom fazer parte de uma comunidade, é natural nos apegarmos a novos grupos, fazer festas, muitas vezes consideramos essas pessoas que passam a fazer parte da nossa nova história como família.

Alguns dos que vem para fora ficam alguns anos e regressam a vida que deixaram, outros vão para outros países, outros simplesmente ficam. O que começa em uma aventura poderá se estender indefinidamente. Conheci inúmeras pessoas que saíram de casa por 2 anos e não voltaram mais. Uma das nossas características mais marcantes depois de algum tempo é a incerteza em relação ao futuro.  Portanto os grupos e amigos que compartilham esse sentimento passam a fazer parte da nossa vida. Há uma dinâmica interessante e muitos desses grupos, me fazem lembrar a época da escola, onde para fazer parte da “tchurma” tínhamos que estar sempre alegres, divertidos, bebendo, usando as roupas certas, estando nos lugares certos, agir de acordo com a dinâmica do grupo. É importante ter em mente que apesar do convívio frequente, apesar de momentos divertidos que passamos juntos, poucos deles ultrapassam o nível de amizade superficial. Amigos de verdade são poucos em qualquer lugar do mundo, por isso valem tanto a pena. Apesar de divertido conviver com uma comunidade, poucos são os que estarão realmente interessados em ajudar, ouvir, conhecer você em sua essência e gostar de você ainda que esteja doente, sem grana, sem vontade de farrear, com suas verdadeiras qualidade e defeitos.

Após quase 8 anos, vi muita gente indo embora, amigos que passaram os primeiros Natais, Anos Novos, aniversários, Copa do Mundo, amigos que estiveram com a gente nas horas difíceis e boas do outro lado do Continente. Amigos brasileiros, colombianos, espanhóis, argentinos, mexicanos, etc... Mas após os momentos de despedidas, lagrimas, saudade, poucos são os que ficam, os que se mantem amigos, da mesma maneira que foi um dia nossa saída no Brasil.

Outra aventura me espera em breve, assim como alguns amigos verdadeiros se foram, chega o momento de deixar alguns amigos que realmente valem a pena para trás...aqueles que fazem parte da nossa vida e coração jamais são deixados para trás, só ficam fisicamente distantes. Aqueles que fizeram parte dos efêmeros e alegres momentos de diversão deixarão saudade de bons tempos passados. Espero que novos amigos venham a somar mais alegria e valor a minha história.



Fabiana Giannotti, brasileira radicada no México desde 2008, casada, 2 filhos, passou a ser mãe 24h e dona de casa após vir para cá. Praticamente uma expert em mudanças depois de encontrar e mudar para 8 casas em 7 anos, além de acumular experiências em tradução, aulas de português, corretagem de imóveis e assessoria para expatriados. Adoro escrever, conversar, fazer novos amigos, viajar. Me considero afortunada por viver no México, aprender a respeitar e conhecer essa bela cultura. Conhecer, adaptar-se, aprender, mudar, acostumar, respeitar, amar o diferente são algumas coisas que descobri nos últimos anos, além do fato que, por mais perfeito que seja o plano tudo pode mudar de repente...
Colunista e parceira no blog: viviendoenelmexicomagico.blogspot.mx/

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