sexta-feira, 28 de outubro de 2016

Choque Cultural




Parece obvio que uma vez que saímos da nossa zona de conforto, saindo do nosso país, vamos vivenciar uma adaptação cultural, apesar de sabermos disso nem sempre estamos preparados para o choque que iremos enfrentar. Até porque, diferente das férias ou viagens que já tenhamos feito, agora vamos viver essa realidade, e muitas vezes sem data ou previsão de regresso. Tudo nos coloca a prova, desde o clima, altitude, pressão atmosférica, idioma, culinária, musica, forma de se vestir, comportamento, uma soma de fatores que compõe a nova cultura que iremos vivenciar. Quando estamos de passeio ou temporários, conseguimos driblar alguns aspectos com bom humor, paciência ou simplesmente passamos longe e fingimos que não é com a gente, mas uma vez que viva no lugar corre risco de não se encaixar se não tiver um mínimo de flexibilidade.

Eu confesso que sofri bastante na minha adaptação, diferente de muitos que sentem que já viveram outra encarnação no México eu simplesmente não tolerava um monte de coisas e hoje percebo como sofri desnecessariamente ao bater de frente com a cultura local. Os primeiros amigos mexicanos foram muito amáveis e pacientes, rs, porque eu era uma grande chata!

Assim que a primeira dica que dou é: o país que você vive, a cultura que está inserida vai muito além do seu condomínio, bairro ou região, não meça todos segundo os critérios que vê dentro da sua bolha. Basicamente se comeu um taco ruim não significa que todos os tacos sejam ruins. Se conheceu um mexicano machista não significa que todos mexicanos serão machistas e por aí vai. Quem já vive aqui a algum tempo sabe que musica não se resume a Mariachi, comida não se resume a tortilla e picante, há de tudo em um país tao rico e complexo.

Correndo o risco de ser mal interpretada farei uma analogia: quando vejo uma pessoa toda tatuada, com cabelos coloridos, roupas estranhas, achar ruim das pessoas ficarem olhando. Oras, se não queria ser olhado com estranheza não saísse do padrão da “normalidade” ou ficasse apenas dentro da sua tribo onde tudo isso é “normal”. Pois é, baseada nesse mesmo princípio, você não pode ficar irritado se todos ficarem te olhando, se você insistir em usar sunga na piscina, sabendo que isso é mal visto pelos locais. O mesmo se aplica para roupas curtas ou decotes no DF (nem todos lugares são assim aqui), meninos sem camisa, meninas com cabelo bagunçado. Você pode escolher ser como é, mas então terá que aceitar ser tratado com estranheza ou mesmo que o vejam com maus olhos, você é o estranho no ninho, você está destoando do padrão local. E antes de atirar a primeira pedra contra os “intolerantes” imagine só uma garota com pernas, axilas e virilhas sem depilar em uma praia carioca ou uma mulher entrando na piscina com calça e camiseta em um condomínio de SP. O ditado “ Em Roma seja romano” é basicamente para te dizer que se não quer ser tratado, julgado ou considerado diferente dos demais, atue como eles.


Fabiana Giannotti, brasileira radicada no México desde 2008, casada, 2 filhos, passou a ser mãe 24h e dona de casa após vir para cá. Praticamente uma expert em mudanças depois de encontrar e mudar para 8 casas em 7 anos, além de acumular experiências em tradução, aulas de português, corretagem de imóveis e assessoria para expatriados. Adoro escrever, conversar, fazer novos amigos, viajar. Me considero afortunada por viver no México, aprender a respeitar e conhecer essa bela cultura. Conhecer, adaptar-se, aprender, mudar, acostumar, respeitar, amar o diferente são algumas coisas que descobri nos últimos anos, além do fato que, por mais perfeito que seja o plano tudo pode mudar de repente...
Colunista e parceira no blog: viviendoenelmexicomagico.blogspot.mx/



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